CAIRO
O Cairo é um lugar complicado. Foi o único lugar do mundo que não me senti bem, todo o tempo. Ana, minha esposa, era tremendamente hostilizada quando estava com os braços de fora. Os homens insultavam e as mulheres chegavam a agarrá-la na rua. O tráfego é horroroso e os pedestres são alvos a serem atingidos. A comida é horrível. Tudo é sujo, inclusive o hotel 5* que estávamos.Ou seja, tudo tremendamente desagradável.
Então, a conclusão é simples: um lugar a não se ir. Errado!!! Existem monumentos fantásticos e inesquecíveis a serem vistos.
– Pirâmides de Gizé
São 3 pirâmides monumentais: Quéops, Quéfren e Miquerinos, que foram pai, filho e neto. Com certeza deviam ter uma grande auto-estima. Construídas há 2.700 anos A.C. É a única maravilha do mundo antigo que nos restou. Em verdade, são tumbas que receberam a nominação de seus reis. A maior é a de Quéops, também chamada de A Grande Pirâmide, tendo 160 m de altura, equivalente a um prédio de 49 andares.
Até hoje não se sabe como foram construídas. Existem várias teorias, não levando em conta a de extraterrestres. Talvez a mais aceita, seja a geopolimerização, que apesar do nome complicado, seria a de mais simples explicação: os blocos seriam produzidos a partir de calcáreo, usando-se compostos como cal, salitre e areia. Outra teoria seria a extração de enormes blocos de pedra, que chegavam a pesar mais de 300 toneladas, retiradas de pedreiras distantes, carregada por milhares de homens e toras. Esta versão foi muito utilizada nos filmes de Hollywood.
– A Grande Esfinge
A Esfinge, com corpo de leão e cabeça humana, fica também no vale de Gizé, hoje um subúrbio do Cairo. É a mais antiga escultura monumental conhecida. Seria como se ficasse na entrada do vale, que nos leva às grandes pirâmides, de Quéops, Miquerinos e Quéfren e foi construída entre 2558 e 2532 A.C.
A Esfinge e as Pirâmides formam uma espécie de parque, que podem ser visitadas a pé, numa boa caminhada.
– Egyptian Museum
É um caos! A única sessão organizada é a de Tutankhamon, onde, aliás, se paga uma entrada a parte. É uma bagunça, mas imperdível. Existem verdadeiros tesouros, uma infinidade de múmias, esfinges, esculturas e toda sorte de preciosidades descobertas nas tumbas encontradas. A grande maioria do acervo não é catalogada, acreditem. Passeamos pelo museu, sem saber, muitas vezes, o que estamos vendo. Mas, mesmo assim, é incrível..
– Rio Nilo
Tem 7.088 km e passa por Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quênia, Congo, Burundi, Sudão, Etiópia, mas é a partir do Egito que se tornou famoso. Inclusive divide a cidade do Cairo.
É um rio bonito, as vezes com embarcações pitorescas. Para quem gosta de navios, existe a rota entre Aswan e Luxor, onde se pode visualizar e visitar grande quantidade de complexos faraônicos. Até poucos anos atrás, centenas de navios e barcos turísticos faziam esta rota. Atualmente, pelas revoluções políticas e pela intransigência muçulmana, o número de navios diminuiu significativamente.
– Igrejas do primeiro século
Uma das coisas que mais me impressionou no Cairo antigo foram as igrejas do primeiro século. Caminhamos por ruelas que datam da idade de Cristo e lá existem igrejas, com pequenas portas, que , podemos dizer, estão entre as primeiras do mundo.
Numa delas existe uma espécie de cela, onde Jesus Cristo teria estado escondido, fugindo de seus perseguidores. A Igreja Católica afirma que não existem dados para se afirmar que Jesus tenha estado no Egito. Mas olhar uma cela, numa pequena igreja, onde Jesus teria estado é muito impressivo, seja verdade ou não.
– Mesquita do Sultão Hassan Madrassa.
Também na Cidadela, que é o centro islâmico do Cairo. Terminada em 1636, é uma das mais bonitas do mundo. Teria sido inspirada na Mesquita Azul, construída alguns anos antes. Perde em beleza e impacto para a Mesquita Azul de Istambul e para a moderna Mesquita de Abu Dhabi.
– Passeios de Camelo
Para quem deseja, estão por toda parte. Uma das atrações do Vale de Gizé, é o passeio de camelo pelo deserto.
LUXOR
Luxor é completamente diferente do Cairo. Muito mais turística, com pessoas vestidas mais a vontade, um pouco mais descontraída, com lojas de souvenir, enfim um local mais voltado ao visitante. Existem atrações fantásticas:
– Templo de Luxor
O Templo de Luxor é grandioso, praticamente no centro da cidade. Antigamente, na sua entrada, haviam dois obeliscos, um deles posteriormente doada para a França e que, hoje, enfeita a Place de la Concorde, em Paris.
É um templo grande, super típico do Egito antigo, com obeliscos de granito vermelho, um grande corredor após a entrada, cercado de colunas, a estátua do Colosso de Ransés II, inclusive com uma Mesquita sobre o Templo dos Faraós.
– Templo de Karnak
É ainda mais grandioso que o Templo de Luxor. Fica na Vila de El Karnak, situada a apenas 2,5 km de distância, podendo ser alcansado, facilmente, a pé.
É um vasto museu a céu aberto, o segundo maior local religioso no mundo, perdendo apenas para o Angkor Wat no Camboja.
Suas atrações são muitas, mas a principal é o Templo de Amon Re, que tem 2 eixos, um de norte a sul e outro de leste a oeste, que se estendia até o Templo de Luxor, por uma avenida com esfinges de cabeça de carneiro. Um dos destaques é a vista panorâmica do grande salão hipostilo no arredores de Amun Re e uma parede com afrescos. Outra atração é a estátua de Ransés II. Também muito impressivo é a entrada com estátuas de leões, em ambos os lados.
– Abu Simbel
Esta área arqueológica contém os magníficos monumentos de Ramsés II e o Santuário do Isis em Philae, que quase foram submersos pelas águas do Nilo em 1967.
Sua maior atração talvez seja a entrada com duas imagens enormes do rei adorando o cabeça de falcão Ra Harakhti.
– Vale dos Reis – Valley of the Kings
O Vale dos Reis é algo surreal. É um enorme vale no Egito, perto de Luxor, onde, por um período de 500 anos, séculos 16 a 11 A.C., foram construídas tumbas para os Reis e Nobres poderosos. Suas tumbas foram sendo descobertas e formam um conjunto arqueológico único no mundo. Algumas tumbas estão muito conservadas, com as escritas e os desenhos da época. A medida que nos aprofundamos nas tumbas, vão ficando mais interessantes e conservadas, com câmaras mortuárias desenhadas. A impressão inclusive não é opressiva.
Jorge Ilha Guimarães