Estive na África do Sul por ocasião da Copa do Mundo de Futebol, em 2010. O país estava cheio, havia sido arrumado para a Copa e todos os seus habitantes estavam querendo que o país fizesse boa figura. O clima era de festa e os tipos pitorescos estavam em todo o lugar. E todos tinham as suas vuvuzelas, inclusive eu. Vou aproveitar e descrever junto com a África do Sul, como funciona uma Copa do Mundo para os turistas.
Mas vamos começar explicando que, por ocasião de uma Copa, todos os hotéis estão lotados. Então você precisa escolher uma cidade para ficar e vai aos jogos de avião e não de van, taxi ou ônibus. Eu estava a convite da Coca-Cola, principal patrocinador do evento, com o Presidente da filial Brasileira e um pequeno grupo de convidados VIP. Conseguimos hotel em Joahnesburg para vermos um jogo do Brasil, mas não conseguimos em Durban, quando jogou Brasil x Portugal. Tivemos de ir e voltar no mesmo dia.
Quando você vai para um estádio não pode levar mala. Se leva um casaco e uma local com passaporte e dinheiro. Então o programa é ir de manhã, quando se consegue vôo, ficar passeando pela cidade até a noite e voltar após o jogo.
Legal, são 80.000 pessoas saindo de um campo de futebol, das quais 60.000 vão para o aeroporto. Em Durban havia uma auto-estrada, completamente lotada e, as vezes, com trechos parados, até a chegada no aeroporto. Quando lá chegamos as filas eram monumentais. Pensei que nunca mais iria conseguir sair dali, mas, para nossa surpressa, tudo fluía com uma rapidez enorme e todos os vôos saiam no horário. Isto foi uma das coisas que mais me impressionou na Copa.
Entre um jogo e outro ficavamos passeando pela África do Sul, um país com uma cultura bem africana.
Quando falamos em África, existem dois continentes completamente diferentes. A África do Norte, acima do deserto do Saara, que é árabe, muçulmana, com a cultura do cavalo e do camelo. E a África sub Saara, que é negra, pobre, subdesenvolvida. A exceção é a África do Sul, bem desenvolvida, rica, mas mantendo a cultura africana. .
Joahnesburg
Joahnesburg geralmente é o ponto de chegada e a primeira cidade que se visita. Desde já gostaria de prevení-lo: não volte correndo para o seu avião, porque a África do Sul é legal. Joahnesburg achei um horror. É feia, o apartheid continua ativo no dia a dia das pessoas, é pobre e suja. O centro financeiro é um pouco melhor, mas nada diferente de muitas outras cidades.
Estive em Joahnesburg em 2 ocasiões. Na chegada, para conhecê-la e depois para assistir um jogo do Brasil.No estádio, o clima era festivo e absolutamente tranquilo. Muitos habitantes locais com fantasias, tocando seus instrumentos e brincando de uma maneira super saudável.
Mas nas ruas, enquanto fazíamos tempo para o jogo, o clima era outro. Andando de van pelos bairros mais pobres, as pessoas davam gritos de ordem, como se estivéssemos invadindo suas áreas. Por vezes atiravam coisas na van e, numa ou duas ocsiões, achei até que seríamos assaltados.
É difícil, quando se chega na capital de um país, não conhecê-la. Mas faça uma visitinha rápida.
No resto da África do Sul foi tudo maravilhoso, porém sempre notando-se uma diferença entre brancos e negros.
Durban
Durban é uma cidade menor, super agradável, bonita, na beira do mar. Um pouco fora das rotas turísticas. Talvez valha uma visita.
Cidade do Cabo
A Cidade do Cabo é linda, agradável, movimentada, cheia de barcos, cheia de passeios, com vinícolas relativamente perto da cidade, com pinguineras (locais habitados por pingüins), com restaurantes maravilhosos, com uma fauna marinha diversificada. Sua população é de cerca de 1 milhão de habitantes. Esta cidade é o máximo na África do Sul. Sua beleza tem sido comparada à do Rio de Janeiro, mas não chega a tanto.
Composta pela Montanha da Mesa, uma enorme montanha nas costas da cidade e pela Baía da Mesa, uma linda baía na sua frente. O conjunto é dos mais agradáveis. A visita da montanha é um dos passeios obrigatórios. A vista de lá é deslumbrante. E tudo nos leva para a marina, onde estão shoppings a céu aberto, restaurantes e bares e onde acontece a principal vida noturna.
Hotel 6* The Palace
O The Palace que dizem ser o único hotel 6* do mundo, não é um hotel 6*. É um Resort suntuoso, rico, brega, kitch, metido a besta. Conheço muitos outros hotéis mais suntuosos, mais ricos, mais bregas e também mais kitchs.
É uma mistura de Vegas com a Disney, mas sem o charme das duas. Mas lembra muito os melhores hotéis de Vegas, mas esta é uma cidade com mil atrações e o The Palace não fica perto de nada.
Safári
As pessoas que já fizeram safári dizem sempre que amaram e desejam fazer outro. Eu já fiz o meu e não pretendo fazer outro.
Os bichos aparecem mais pela manhã cedo e a noitinha. Isto faz com que precisemos de uma certa logística. Mas ficamos andando em carros desconfortáveis, em trilhas, nos habitats dos animais, ou seja, em parques naturais onde a maioria dos bichos foram colocados para você encontrá-los sem muitas dificuldades.
E aí vamos nós. O guia, com seu olho treinado e sabedor de onde os animais costumam ficar, sempre enxergam os bichos antes de nós. Para o carro e diz: “olha lá uma família de elefantes”. Então nós os enxergamos, muitas vezes numa distância longínqua. E aí seguimos. Agora é a vez das girafas, estas bem calminhas e pertinho. Depois os hipopótamos, os mais perigosos dos big 5. Matam mais gente que todos os outros juntos. Então, hipopótamo só de longe.
E claro tem outros animais de porte menor. Outra coisa, os motoristas não sentem frio. Ao entardecer estamos tiritando de frio e eles de camiseta, nos dizendo: “o frio ainda não começou”. E o pior é que era verdade.
Existe a parada para jantar, com cardápio de animais selvagens, como veados, búfalo e outros. Mas estamos no meio do nada e a refeição não é gourmet. É como um churrasco ao ar livre. Muito típico, mas as carnes são muito duras. E o frio aumentando. Agora já estamos em volta do fogo, com toda nossa roupa, olhando pra o guia, na esperança de irmos embora logo.
Começamos nossa volta e, até então, não havíamos visto leões. O frio agora devia estar igual ao Alasca no inverno. O carro anda a cerca de 40 km por hora, o que nos dá um vento aparente, no rosto, de 40 km. Lembrem-se que os carros são abertos, para vermos melhor os bichos. E estávamos longe. De repente o motorista para o carro e perguntamos o porquê. Ele mostra um leão deitado, na trilha, na frente do carro. E o leão na maior calma e ninguém estava mais afim de ver coisa nehuma. Pedimos que buzinasse, desviasse, passasse por cima, etc. Depois de 10 intermináveis minutos, o leão saiu a passo, nem dando bola para nós.
Chegamos cansados, sujos, felizes por termos feito um safári. Bem… eu já fiz o meu!
Jorge Ilha Guimarães